/eks waɪ ədˈventʃərəs/

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Flashfire #4

NOTA: Ao todo, contando Side Stories, Filmes, o Especial Season 2.5, Epílogos e Capítulos Comuns, este corresponde ao número 96. Faltam 4 Capítulos para o número 100.




Nunca sentira tanta vontade de vencer como naqueles dias. Sua vida tinha mudado da água pro vinho e agora ele desfrutava do outro lado da moeda. Se tudo desse certo, ele só precisava derrotar uma menina toda patricinha na final da Conferência da Liga Pokémon e então... Ah, ele poderia entrar para a Liga dos Campeões, para desafiar a Elite dos 4 e então destronar o homem que tanto odiava, o homem que o abandonara durante sua vida toda, o homem que deixou sua mãe para morrer, cuidando sozinha de uma criança em "fase terminal". O Campeão, o maldito Campeão da Liga de Parisia era seu maior inimigo, era seu pai.
       Como ele obtivera essa informação não interessava agora e, de qualquer maneira, ele não precisou de muita coisa para que a verdade fosse revelada. Durante seus oito desafios de ginásio, o garotinho ganhou a fama de "O Exterminador". Isso porque mesmo ele sendo tão magérrimo, desnutrido, raquítico e esquelético, sempre achava um jeito de esmagar seus adversários, levando embora as oito insígnias tão fácil quanto respirar.
       Mas o Exterminador, era só uma criança que tivera muitos traumas em sua infância e, mesmo com tanta habilidade no competitivo, sentia-se nervoso perante um novo desafio. Então, naquela noite antes da partida decisiva, antes do menino conseguir conquistar o título de Campeão, ele se levantou inquieto à meia-noite e começou a caminhar pra lá e pra cá no quarto do hotel onde se hospedara: em frente ao grande castelo da Liga Parisia.
       — Está tão perto... — Falara consigo mesmo enquanto analisava os novos tênis e a roupa de grife que comprara para participar do evento. Não podia aparecer na televisão de qualquer jeito, é claro. Ele tinha plena certeza de que quando erguesse o troféu da Liga, todas as câmeras focariam nele.
       Dinheiro já não era mais problema. Graças ao Professor Patrice, que o acolheu e lhe entregou Litleo como seu primeiro parceiro pokémon. Desde então, o exterminador derrotara cada um de seus oponentes, capturando novos pokémons e adquirindo muito, mas muito dinheiro. Metade da renda mensal, é claro, ele dava para o pobre reverendo em Geosenge Town, e o resto ele usava para comprar mais itens de treinador, pokébolas e roupas.
       Estava na melhor fase de sua vida. Finalmente, depois de tantas noites em agonia, o peito chiando de dor e aquela pontada terrível que o impedia de respirar corretamente, sua saúde estabilizara e o menino tornou-se uma criança como qualquer outra, livre para correr por aí atrás de seus sonhos.
       Mas o Pequeno Exterminador sabia que nada daquilo viera de graça. Sabia que estava ali porque depois que sua mãe se fora, não pudera mais ficar parado em casa. Tinha que sobreviver. E esse fora o terrível preço da sua saúde e da sua fama.
       Pensar naquilo não ia ajudá-lo a vencer a Liga amanhã, enquanto o garoto continuou bolando sua estratégia para derrotar a menina, sua oponente, quando de repente, no silêncio da noite foi cortado pelo barulho de um carro estacionando bem em frente ao hotel...
       O garoto correu o olhar pela janela e avistou um carrão de luxo, preto, a tintura novinha brilhando ao menor vestígio de luz que vinha dos postes adjacentes. Aquele não era um carro, mas O Carro. Então a figura que desceu daquela ferrari novinha fez suas entranhas se retorcerem.
       Era um velho de cabelos esbranquecidos, uma pança saliente, usando óculos de sol (mesmo à noite) e um terno cinza recém comprado. Reconheceu imediatamente como o Campeão atual de Parisia, o homem que nunca ousara chamar de pai.
       — Mas o que--
       O garoto observou pela janela o homem entrar no prédio onde estava. E então ficou intrigado. O que ele faria aqui à essas horas? Será que estaria comendo mais uma de suas amantes para depois abandoná-las, assim como fez com sua pobre mãe?
       Estava perdido em pensamentos, o sono cada vez mais distante, quando a porta do quarto estremeceu com uma batida.
       — Hã?
       O coração do garoto disparou. Quase que saiu pela boca. Que susto levara. Será que era o serviço de quarto?
       Mas assim que abriu a porta, o menino sentiu seu chão tremer. Era seu pai que, pela primeira vez na vida, cruzara seu olhar com o dele.
       — Posso entrar? — Perguntou o Campeão, já deixando o chapéu e os óculos sobre a escrivaninha no quarto.
       — Eu... Não... Bom...
       O garoto não sabia o que falar. Nutria um ódio tão intenso por aquele germe que suas palavras se perdiam em meio a uma tempestade de insultos em sua cabeça.
       — Eu... Eu sei quem você é. — Por fim o garoto disse, ao reparar que o Campeão o observava só de pijamas.
       — Sabe, é? — O homem pareceu intrigado. Será mesmo que o menino podia se lembrar dele? Não, era impossível. Talvez Fleur tenha lhe contado quem era seu verdadeiro pai. — Você sabe que...
       — É claro, PAPAI. — O menino então, com um acesso de raiva subindo à cabeça, cuspiu nos pés do Campeão.
       O homem ficou parado, apenas observando a fúria do garoto. Por fim compreendera que não devia ter sido fácil passar tantos anos sem a figura do pai... E depois do que soubera... Depois que descobrira da misteriosa morte de Fleur... Ah, deve ter sido muito difícil.
       — Eu... Compreendo que não goste nem um pouco de mim. Fui um pai ausente, ou melhor, um pai "inexistente" durante tanto tempo... Mas eu ouvi sobre você, ouvi sobre seus feitos e fiquei descobrindo que estará, amanhã, lutando contra a melhor treinadora do país na final da Liga Parisia. Eu, como Campeão, devo admitir que é super fácil para eu descobrir informações confidenciais, então consegui rastreá-lo até esse velho hotel de ratazanas.
       — É melhor esse hotel do que dormir sob as estrelas... — Disse o garoto, agora voltando-se para a janela e voltando a observar o movimento na rua. — Você sabia, "papai", que muitas vezes eu e a minha mãe tivemos que dormir na rua? Nos despejaram tantas e tantas vezes... Ah...
       Ele nem percebera, mas já estava chorando, as lágrimas torrenciais caindo sobre seus pés descalços.
       — O QUE VOCÊ FAZ AQUI? — Repentinamente gritara, quase que amaldiçoando o homem.
       — Eu vim... Bom... Lhe contar a verdade e te desejar boa sorte amanhã, na Liga.
       — Huh... Que verdade? Que minha mãe era sua amante e você a botou pra correr grávida?
       — Bem, sim... Você... Você deve entender, Graine, que eu já tinha minha família.
       — NÃO ME CHAME ASSIM! — Berrou o menino em desespero.
       — Eu... Era casado. E ainda sou. Eu não podia simplesmente abandonar minha esposa e fugir com outra. Que escândalo seria! Pense na minha reputação como Campeão de Parisia!
       — UMA COISINHA: FODA-SE! QUE SE DANE, QUE SE EXPLODA, QUE MORRA AFOGADO COM SEU PRÓPRIO SANGUE, VELHO DO CAPETA! Por sua culpa eu quase morri uma... duas... três... TREZE VEZES! Sabe, pai, eu tenho, bem, eu tinha, uma grave doença no coração... E uma dia, ela se espalhou para meus pulmões e então atingiu os rins e o fígado. E sabe, o tratamento era muito caro para minha pobre mãe bancar... COISA QUE UM CAMPEÃO PODERIA PAGAR À VISTA! Então um dia, simplesmente um milagre aconteceu... Minha mãe morreu e eu  fui curado! Assim, do nada. E sabe o que? Agora eu tenho que viver por aí atrás de batalhas pokémons para poder me sustentar! Uma criança tendo que trabalhar! Não reclamo, pois é o melhor emprego do mundo! Mas mesmo assim... EU APOSTO QUE AS SUAS FILHINHAS OXIGENADAS ESTÃO TENDO UMA VIDA DE LUXO ENQUANTO EU ESTOU AQUI, SOFRENDO E BATALHANDO PARA ME SUSTENTAR!
       — Graine, eu...
       — NÃO ME CHAME ASSIM!
       — Graine...
       — CALA A BOCA, SEU BROXA DESGRAÇADO! EU ABANDONEI ESSE NOME FAZ TEMPO!
       — Tudo bem então... — O homem colocou a mão no bolso do chique paletó e tirou de lá um cordão feito de cipó. Enlaçado na fina corrente natural, havia um medalhão com uma árvore muito esquisita entalhada na prata. A árvore possuía oito galhos apenas, e quatro deles pendiam pro lado, enquanto os quatro restantes pendiam pro outro. Parecia-se com uma grande letra "V". — Tome!
       — O que é isso? — perguntou Graine, o exterminador.
       — É o Símbolo de Xerneas, respondeu-lhe o homem. — A única coisa que eu tenho de sua mãe comigo. Tome. É seu.
       O homem entregou o colar para o menino, que recebeu-o com as duas mãos em concha.
       — Pertenceu à vó dela, sua bisa. — Explicou o Campeão, percebendo agora que menino cessara e começara a observar o pequeno pingente na ponta do colar. — É a marca dos Xernoasis: A Árvore da Vida. Você é um Xernoasis autêntico, é claro... Sua mãe era fanática pela origem de sua família. Bom, isso você deve saber melhor do que eu...
       — Espera que eu o agradeça? — Perguntou o garoto, mas o homem não respondeu. Então Graine continuou a falar. — Muito obrigado. Diferente de você, eu sei dar valor para as coisas.
       — Ah, Graine... Quem me dera...
       — NÃO ME CHAME DE GRAINE! "SEMENTE" EM FRANCÊS! POR FAVOR... ISSO É NOME?
       — Tudo bem... Eu... Eu tenho mais uma coisa pra você. Este é o Símbolo dos Yvelgress: O Casulo da Destruição. — O Campeão tirou do casaco um pequeno broche com uma peculiar pedra negra, reluzente como o colar de Xernoasis — Naturalmente, sendo meu filho... Você também puxou o sangue dos Yveltal! E é seu dever, como meu único sucessor masculino, carregar isso...
(Fonte e Créditos)
       — Xerneas e Yveltal... — Refletiu Graine, pegando os dois símbolos. — Eu sou... Os dois? Eu sou Yvelgress também?
       — É claro. Mas você sabe que... Segundo as Lendas, a criança cujos pais forem das Famílias Xernoasis e Yvelgress poderá invocar um poder jamais imaginado e destruir o mundo... É claro que não passam de histórias contadas para tolos... Nos dias de hoje, somente pessoas como sua mãe, que se agarram à religião, podem acre--
       — NÃO FALA MAL DELA!
       — T-tudo bem! Não tá mais aqui quem falou! Eu... Vou embora. Boa Sorte Amanhã, Graine! Estou torcendo por você!
       — NÃO ME CHAME DE GRAINE! EU SOU LYSANDRE! LYSANDRE FLEUR-DE-LIS!
       — Lysandre? De onde tirou esse nome?
       — Bem... "Lis" é Lírio em Francês. A Semente brotou e se tornou um Lírio no momento em que tive que sair de casa e implorar por um pokémon inicial no laboratório do Professor Patrice. E "Fleur..." Bem, é... foi o nome de minha mãe.
       Uma lágrima grossa e quente cortou o rosto do pequeno Lysandre, pingando no tapete mofado do hotel.
       — Se você prefere ser chamado assim... Mas pra mim você vai ser sempre Graine Xernoasis Yvelgress.
       — Eu Não sou nada pra você, seu velho escroto! Pra você eu sou ser sempre "O Exterminador" de Líderes de Ginásios e nada mais! Você não me merece como filho! Eu sou bom demais pras suas canalhices!
       — Tem razão, Lys. Tem razão.
       E o homem saiu do quarto, repondo o chapéu na cabeça quase grisalha e fechando a porta na cara do menino cujas antigas famílias tradicionais se cruzaram.

4 comentários:

Unknown said...

Estou em êxtase com o rumo que essa historia esta tomando. Já esperava que fosse o Lysandre, mas não imaginei que ele fosse um parente, ainda que distante do X e da Y...

Kevin, the-fake-dexter said...

Ah, poisé. Estou a escrever o Capítulo 17 agora, que vai "ao ar" daqui a duas semanas, e só tenho uma coisa pra te dizer: Vai ter muuuita revelação.

Unknown said...

Ai meu Deus... Ainda bem que não sou cardíaco... XD

Kevin, the-fake-dexter said...

ashuashuashuashuash Prepare-se, por que as peças começarão a se encaixar e muitas coisas totalmente "MEU ARCEUS" acontecerão.

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#Kevin_

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